*Colunista Alisson
“A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa…” Karl Marx
Novembro de 63 é, sem dúvidas, o livro mais inteligente que li na vida. Inteligente não somente pelo tanto de conhecimento embutido, mas pela forma como nos faz pensar a respeito de acontecimentos históricos. O que aconteceria em nosso presente se conseguíssemos mudar pequenos acontecimentos do passado? Se o acontecimento for pequeno, de fato não mudaria muita coisa, mas, e se mudássemos um dos grandes eventos do século como o assassinato do presidente norte-americano John Kennedy? Como seria a Guerra no Vietnã? E a questão da segregação racial nos EUA? E como se desenrolaria a Guerra Fria? Impossível saber..
Jake assumiu essa missão em Novembro de 63: voltar no tempo e evitar o assassinato do presidente.
Porém, o passado não quer ser mudado. O passado se harmoniza. O passado é obstinado e, por mais que ele tenta mudar, coisas estranhas passam a acontecer. E é nesse sentido que Jake começa a se sentir inseguro em relação à suas aventuras que desafiam o tempo, por mais que ele retome o interesse em viver a partir dessa experiência.
“O meu gato e a minha casa estariam ali quando eu voltasse, se conseguisse fazer o que pretendia? E se estivessem, me pertenceriam? Não havia como dizer. Quer saber uma coisa engraçada? Nem quem é capaz de viver no passado sabe o que o futuro lhe reserva.”
Uma das características de “morar no passado” é ser tratado como um ser de outro planeta. Apesar dos esforços de Jake, as pessoas sempre acabam percebendo que ele veio de um lugar muito improvável.
“O ônibus veio descendo o morro o resto do caminho e parou no ponto do cinema. Deixei os operários entrarem na minha frente para eu ver quanto dinheiro punham no receptáculo de moeda com pé ao lado do assento do motorista. Estava me sentindo como um alienígena de um filme de ficção científica que tenta se passar por terráqueo. Era estúpido – eu queria andar no ônibus urbano, não explodir a Casa Branca com um raio fatal – mas isso não mudava a sensação.”
O grande dia 22/11/1963 praticamente só acontece no final do livro, já que a história bem elaborada sobre as aventuras de Jake no passado acaba sendo interessante demais para termos pressa que o fatídico dia chegue. O nosso protagonista se apaixona, volta a dar aula, faz amigos e identifica um mundo onde os preconceitos eram mais comuns do que nos dias atuais. As comparações são ótimas. Os personagens são verossímeis. Todo cenário é tão bem elaborado que em nenhum momento ficamos perdidos com os flashbacks, sem saber se estamos em 1958 ou em 2011.
Além de considerar Stephen King um de meus autores favoritos, me atraio muito por temas que se relacionam com viagens no tempo. Então esse combo (autor + tema) foi perfeito para mim.
Aproveito a oportunidade para indicar outros livros com viagens no tempo que segue essa mesma ideia de mudar o passado:
– O Livro do Juízo Final, de Connie Willis
– Kindred: Laços de Sangue, de Octavia Buckler
– O Fim da Eternidade, de Isaac Asimov
Aproveito também para indicar livros de Stephen King:
– It: A Coisa
– Sob a Redoma
– O Cemitério
Boa leitura!
*Coluna Bookaholic