#DicadeLeitura O Fim da Infância – Arthur C. Clarke

*Colunista Alisson

Uma das principais características dos livros de ficção científica do Século XX é trazer mensagens reflexivas em relação às negligências dos seres-humanos, especialmente nas imbecilidades relacionadas às Grandes Guerras, que mostra o quanto o homem conseguiu ser asqueroso e perigoso.

Em O Fim da Infância, me deparei com uma premissa interessante: alienígenas desembarcam na terra e impõem o seu reinado, tornando os homens submissos à eles de forma completa e soberana, tirando quaisquer poderes que pudessem ter em decisões significantes da vida.

O livro é dividido em três partes:

Na primeira parte, é o momento da invasão. O autor evidencia a perplexidade dos terráqueos em serem governados por forças alienígenas que nem sequer mostram o rosto. Inclusive, esse é um dos principais questionamentos: a necessidade de saber quem o estava governando e quais eram os planos.

A segunda parte avança décadas e mostra uma sociedade sólida e próspera. Não há mais guerras e nem religião, ninguém passa fome e há tecnologias suficientes para não permitir que as pessoas adoeçam. É uma era dourada. Porém, o ser humano é obstinado e sempre há personagens que são levados pela curiosidade. Quem são os Senhores Supremos que governam a planeta Terra? De onde eles vieram? O que há além da galáxia e porque não podemos ir para lá?

A terceira e última parte explica o título O Fim da Infância e, obviamente, não posso dar muitos detalhes rs. Mas as peças se completam e muita coisa passa a fazer sentido.

O Fim da Infância foi escrito entre 1952 e 1953, antes da existência do primeiro satélite da Terra e muito antes do famoso pouso da Apollo 11 de Armstrong. Arthur C. Clarke escreveu o livro em Plena Guerra Fria, em um período em que o mundo ainda se recuperava da trágica 2ª Guerra Mundial. E devo dizer: os questionamentos apresentados no livro ainda são muito atuais.

Deixo abaixo um trecho do livro que me colocou em uma áurea reflexiva por horas:

“A sua raça demonstrou uma notável incapacidade de lidar com os problemas de seu próprio não tão grande planeta. Quando chegamos, estavam prestes a se destruir com os poderes que a ciência havia, inadvertidamente, lhes oferecido. Sem a nossa intervenção, a Terra hoje seria um deserto radioativo. Agora, vocês têm um mundo em paz, e uma raça unida. Em breve, serão civilizados o bastante para conduzir seu planeta sem a nossa assistência. Quem sabe possam, um dia, lidar com os problemas de todo um sistema solar… digamos, de cinquenta luas e planetas. Mas vocês acham mesmo que poderiam algum dia lidar com isso?
Só nesta nossa galáxia, há oitenta e sete bilhões de sóis. Mesmo esse número lhes dá apenas uma leve ideia da imensidão do espaço. Ao desafiá-lo, vocês seriam como formigas tentando rotular e classificar todos os grãos de areia em todos os desertos do mundo.
(…)
É uma ideia terrível, mas precisam encará-la. Os planetas, um dia, talvez vocês conquistem. Mas as estrelas não são para o Homem.”

Boa leitura!

*Coluna Bookaholic

Cayron Fraga

Cayron Fraga

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