*Colunista Clayton
Não dá mais pra fingir que está tudo bem!
Ao longo de mais de 10 anos de construção de universo, a Marvel conquistou a confiança de todos os amantes das histórias em quadrinhos que sofreram ao longo de décadas com as decepcionantes adaptações feitas para o cinema até então.
Entre filmes memoráveis e outros nem tanto, uma coisa é certa, o saldo sempre foi muito positivo. As dezenas de personagens retratados fielmente, os arcos bem construídos e o cuidado incrível em manter a fidelidade e a coerência das histórias dos quadrinhos nessa transição para as telas de cinema, cativou os fãs e oxigenou o universo de super-heróis que vinha em franca decadência sofrendo com o desinteresse cada vez maior das crianças e jovens pelos gibis.
Com o passar dos anos, o mercado sofreu um boom e voltou a ser mega lucrativo, isso ficou estampado em roupas, mochilas, acessórios, brinquedos, animações, temas de decoração de eventos, enfim, o resgate histórico desse símbolo da cultura pop foi feito com sucesso. E o auge dessa história de amor entre Kevin Feige, a mente criativa responsável por tudo isso e os fãs, aconteceu em 2018 quando todos os filmes apresentados até então, culminaram no grande evento Vingadores Guerra Infinita e na sequência de 2019, Vingadores Ultimato.
Esses dois grandes filmes encerraram com chave de ouro a fase bem-sucedida e histórica, amarrando em um grande universo, todos os filmes e personagens apresentados ao longo de 10 anos.
Foi épico, foi lindo e foi a prova real de que tudo havia sido planejado, todas as referências perdidas em filmes e cenas pós créditos fizeram sentido e não é por acaso que esses filmes se tornaram o maior sucesso de bilheteria da história do cinema.
O grande problema vem depois, pois tudo que fosse feito depois disso, encontraria uma dificuldade imensa em superar as expectativas que estavam muito altas depois de todos os grandes acertos do estúdio. Mas, junto com a expectativa, existia também a confiança de que a Marvel saberia o que estava fazendo, então entramos todos de cabeça nessa nova fase.
Tivemos que deixar para trás personagens que já havia nos conquistado e receber de coração aberto as novas histórias que viriam.
Acontece que a cada filme, a cada serie lançados, a empolgação foi dando lugar a outro sentimento, a preocupação. Isso porque a enxurrada de novos conteúdos, em momento algum mostravam uma conexão, uma base de história, uma trama central como a própria Marvel nos prometeu após a fase Guerra Infinita.
E desde então, o discurso não muda, segundo Kevin Feige tudo vai fazer sentido em algum momento, mas está cada vez mais difícil de continuar acreditando.
Já se vão 3anos desde o início dessa nova fase, tivemos vários filmes e séries lançados que prometem sempre a mesma coisa… tudo vai fazer sentido e parte de uma grande saga.
Mas, na realidade o que vemos é uma queda vertiginosa na qualidade do MCU, seja nas histórias por vezes muito simples e que beiram o ridículo ou na qualidade técnica que até então sempre foi de um primor indiscutível. A resposta talvez esteja na dificuldade em manter a qualidade dos projetos com tantos lançamentos em tão pouco tempo. Enquanto tínhamos a alguns anos cerca de 3 filmes lançados por ano. Hoje esse número quase dobra e ao mesmo tempo são lançadas as séries no streaming da Disney, tudo dentro do mesmo Universo, e mesmo assim, sem uma conexão clara.
Na grande maioria dessas obras, o que vemos são histórias e personagens desconexos, esquecíveis e sem peso. Grandes nomes de Hollywood embarcam nesse universo, mas são combalidos com tramas rasas e roteiros previsíveis.
O que mantém um fio de esperança no imenso fandom que se formou, é a comprovada capacidade da Marvel de nos surpreender e a credibilidade de quem já provou que sabe contar grandes histórias e fechar grandes arcos.
Mas, até o momento o que temos é um grande emaranhado de nada, um multiverso da decepção formado, esperando um plot twist grandioso para que possamos nos apaixonar novamente pela Marvel nos cinemas.
*Coluna Multiverso Pop
