*Marcelo Baía
Desta vez peço paciência pois estou inspirado, e o texto ficará grande… mas vai valer a pena, eu prometo.
Para começar quero transcrever um poema de minha autoria:
O portal
No fundo do meu velho armário
recostado no canto do quarto
aparentemente guardado
completamente empoeirado
ostentando desenhos gozados
o encontrei abandonado
Foi nessas faxinas da vida
só por fora concebidas
em mais uma vã tentativa
de começar tudo do zero
que o tomei em minhas mãos
o olhando bem desconfiado
Abri a capa meio sem vontade
mais por pura curiosidade
do que por interesse genuíno
e adentrei meio sem jeito
aquele mundo inteiro
completamente desconhecido
Inédito e ignorado
me encantou logo de início
fiquei por ele fascinado
completamente absorvido
no canto acocorado
devorando cada palavra que de suas páginas iam saindo
Enquanto eu ia lendo
meu sangue ia fervendo
coração quase explodindo
Eu estava dentro dele
e ele estava dentro de mim
nós nos ligamos por inteiro virando um par perfeito, do começo até o fim
Encostei a porta do quarto
e saí meio abobalhado
com o que tinha acontecido
sem empreender nenhum esforço
aquele livro gostoso
de que eu tinha me esquecido
fez uma faxina completa
nessa mente cansada e velha
e nesse coração adormecido
Naquela uma hora ali
uma vida inteira eu vivi
como por passe de mágica
Amadureci bem depressa
e acho que a função é essa
desses portais que se abrem
quando se tem coragem
de viajar pelos livros
Está mesmo na hora de puxar a brasa para a minha sardinha, por isso menciono também minha própria obra, “Os Manuscritos de Wankan – Livro I: Leydam”, meu primeiro livro, publicado no fim do ano passado, que narra a trajetória de vida de Leydam, um jovem que resolve sair em uma jornada de moto pela América do Sul com destino à selva amazônica para honrar o desejo de seu falecido pai, que o deixou quando ele ainda era um adolescente. Sua mãe já havia morrido no parto.
A obra convida o leitor a viajar pelas memórias, reflexões e pensamentos de Leydam, enquanto o desafia a questionar sua própria visão de mundo, suas crenças, seus paradigmas. A proposta é um mergulho dentro de nós mesmos, de onde possamos emergir com a alma lavada e com o ânimo renovado para enfrentar nossas lutas diárias. O livro está recheado de muito conhecimento científico, em uma clara intenção de incentivar a leitura, o estudo e o desenvolvimento pessoal.
Conhecimento é poder, e Leydam vai usar esse poder para resolver vários problemas que vão surgindo ao longo do caminho. O jovem ansioso e perdido vai dando lugar a um homem em paz consigo mesmo, que sabe muito bem onde está, e para onde está indo. É uma analogia da nossa existência, da nossa trajetória pessoal. E a nossa vida não é exatamente assim? Qual o intuito da vida senão nos apresentar desafios diários que precisam ser resolvidos da melhor maneira possível para evoluirmos moralmente? Quando somos reprovados no teste temos a chance de analisar nosso fracasso e fazer novas escolhas, para tentar um melhor desempenho na próxima prova, que fatalmente vem, mais cedo ou mais tarde.
A vida é uma escola em que todos nós estamos matriculados, gostando ou não de estudar, e para avançarmos temos que obter a “média”. De que adianta se revoltar contra a matéria, desprezar a professora e rasgar os livros e cadernos? Estamos presos em um loop eterno de começos e recomeços, do qual só saímos quando finalmente aprendemos as lições programadas na grade curricular daquela série. Quanto mais rápido entendermos isso e nos esforçarmos, tão mais rápido avançaremos para a série seguinte, para viver novos desafios.
Longe de pretender ter uma palavra final sobre a vida, ou apresentar o caminho a seguir, a obra incentiva cada um de nós a uma busca profunda dentro de si mesmo. Porque podemos estar certos ou não em nosso caminho, mas sempre estaremos errados no caminho do outro. Todos os caminhos levam a Roma, mas o caminho que cada um deve tomar depende de onde a pessoa esteja, não é? Com essa analogia quero dizer que todos estamos buscando melhorar, mudar de vida, evoluir, e existem infinitas maneiras de fazermos isso.
A melhor maneira sempre será a que nós mesmos escolhermos para nós. Não imite ninguém, seja autêntico! Você é o senhor da sua vida, não relegue aos outros a sua melhoria, assuma o controle da sua vida, assuma com responsabilidades suas decisões, e lute, com todas as suas forças. Se lembre que quando algo der errado é só levantar, sacudir a poeira, e tentar outra vez. O conhecimento precisa se tornar um valor para você, uma racionalidade prática. Sejamos buscadores, procurando sempre, sempre…
*Marcelo Baía – Advogado, escritor e poeta.